EPA cancela programa “Solar para Todos” e ameaça acesso de famílias de baixa renda à energia limpa nos EUA
- EnergyChannel Brasil
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EnergyChannel – 09/08/2025

O governo Trump deu mais um passo em direção ao desmonte das políticas de incentivo à energia renovável nos Estados Unidos. A Agência de Proteção Ambiental (EPA) confirmou que está encerrando o programa Solar for All (“Solar para Todos”), que destinaria US$ 7 bilhões para projetos de energia solar comunitária e instalação de painéis solares em residências de famílias de baixa e média renda em todo o país.
A decisão ameaça diretamente mais de 900 mil lares, além de colocar em risco milhares de empregos na cadeia produtiva da energia limpa. A medida também reacende o embate entre defensores da transição energética e um governo federal alinhado aos interesses dos combustíveis fósseis.
O que está em jogo
O Solar for All foi criado para reduzir contas de luz, gerar empregos locais e acelerar a descarbonização da matriz elétrica. Dos US$ 7 bilhões aprovados, apenas US$ 53 milhões já haviam sido aplicados, segundo dados da Atlas Public Policy. Muitos projetos estavam prontos para iniciar a execução.
Com o cancelamento, a EPA pretende recuperar os recursos já prometidos a 60 organizações e agências estaduais. A justificativa oficial é de que a agência “não tem mais autoridade legal” para administrar o programa nem fundos apropriados para mantê-lo.
Reação imediata
A decisão gerou forte resistência de líderes políticos, organizações ambientais e representantes da indústria solar:
Bernie Sanders, senador e criador do programa, classificou a medida como “ilegal” e “insana”:
“Num momento em que famílias estão sufocadas pelo alto custo da energia e o planeta enfrenta eventos climáticos extremos, eliminar este programa é um ato de sabotagem contra o interesse público.”
Sheldon Whitehouse, senador democrata e presidente do Comitê de Meio Ambiente do Senado, afirmou que a decisão “vai aumentar custos, reduzir a confiabilidade da rede elétrica e favorecer megadoadores da indústria fóssil”.
Sach Constantine, diretor executivo da Vote Solar, alertou que “comunidades inteiras que se preparavam para iniciar obras agora estão abandonadas, e milhares de empregos locais serão perdidos”.
Disputa judicial à vista
Organizações beneficiadas já haviam obtido decisões judiciais impedindo o congelamento dos recursos. Agora, entidades como o Southern Environmental Law Center prometem levar o novo corte ao tribunal.
Especialistas em políticas públicas alertam que, se confirmada, essa ação se somará a uma série de movimentos do governo Trump para reverter investimentos previstos na Lei de Redução da Inflação (IRA), incluindo cortes de créditos tributários para energia solar e eólica e bloqueios à geração renovável em terras federais.
Impacto no setor e no consumidor
Além do impacto direto sobre a população de baixa renda, analistas afirmam que a decisão compromete metas climáticas e enfraquece a competitividade dos EUA no setor de energia limpa. A Solar Energy Industries Association (SEIA) reforça que a energia solar já é uma das fontes mais baratas disponíveis e que os subsídios gerariam bilhões de dólares em investimentos para estados de diferentes espectros políticos.
Mobilização nacional
Em resposta, movimentos como o Sun Day intensificam campanhas para defender o acesso à energia limpa. A data de 21 de setembro de 2025 será marcada por atos em todo o país, pedindo expansão da energia solar, eólica e sistemas de armazenamento.
“Cancelar o Solar para Todos é escolher mais poluição, contas mais altas e menos opções para quem mais precisa. A sociedade americana quer e apoia a energia limpa — e essa mobilização vai crescer”, afirmou Jamie Henn, porta-voz do Sun Day.
EPA cancela programa “Solar para Todos” e ameaça acesso de famílias de baixa renda à energia limpa nos EUA
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