Governo federal aposta em térmicas e mira novo leilão de energia firme
- EnergyChannel Brasil
- há 4 dias
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Ministro Alexandre Silveira critica expansão “descontrolada” das renováveis e anuncia retomada do leilão de reserva de capacidade

Por EnergyChannel
O governo federal voltou a colocar as térmicas no centro da política energética nacional. Durante a inauguração da usina termelétrica GNA II, no Porto do Açu (RJ), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, confirmou que novas diretrizes para o Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP) devem ser divulgadas nos próximos dias.
A medida reacende o debate sobre a composição da matriz energética brasileira, principalmente em um momento em que fontes renováveis, como solar e eólica, continuam em forte expansão — embora, segundo o ministro, de maneira "subsidiada e desestruturada".
Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Silveira afirmou que a retomada do leilão tem como objetivo corrigir desequilíbrios herdados da gestão anterior e garantir o suprimento de energia firme e despachável para o sistema nacional. A contratação de usinas hidrelétricas e térmicas deverá ocorrer por meio de uma consulta pública que será aberta em breve.
Renováveis na mira: críticas e justificativas
Silveira foi enfático ao criticar a "expansão sem planejamento" das renováveis, que, segundo ele, cresceram além da capacidade atual de escoamento, especialmente na região Nordeste, onde há gargalos na infraestrutura de transmissão. Para o ministro, a contratação de térmicas representa um reforço necessário de segurança energética.
"Ao planejarmos o futuro, corrigimos o descompasso causado pelo crescimento acelerado e subsidiado das renováveis, que ocorreu sem o devido suporte em linhas de transmissão", declarou.
O LRCAP, previsto inicialmente para junho, foi suspenso após questionamentos judiciais sobre as regras. A nova versão do edital deve trazer uma alteração estratégica: a separação dos produtos licitados, evitando a concorrência direta entre usinas a gás natural e térmicas movidas a óleo convertidas para biocombustíveis.
Recontratação de térmicas e expansão do gás
A reformulação do leilão também abre caminho para a recontratação de térmicas com contratos prestes a vencer e para a expansão do parque gerador a gás natural no país. Nesse contexto, a Petrobras anunciou um recuo de 14% no preço da molécula de gás natural fornecida às distribuidoras a partir de agosto, acompanhando a queda nos preços internacionais do petróleo Brent.
A Naturgy, distribuidora no estado do Rio de Janeiro, já sinalizou reduções nas tarifas: queda de 3,47% para consumidores industriais e 1,39% para residenciais na região metropolitana.
ANP propõe novas regras para gasodutos
Em paralelo, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) colocou em consulta pública uma nova proposta de cálculo para as tarifas de transporte de gás natural. A minuta aborda temas como valoração de ativos regulatórios, multiplicadores para contratos de curto prazo e criação de uma Conta Regulatória.
Outras movimentações do setor energético
Alta do petróleo: O barril do Brent para outubro fechou em alta de 2,45%, a US$ 69,32, impulsionado por declarações do ex-presidente Donald Trump sobre um possível fim da guerra entre Rússia e Ucrânia e por um novo pacto energético entre EUA e União Europeia.
Geopolítica e minerais críticos: O presidente Lula reforçou a soberania nacional sobre recursos minerais estratégicos, criticando o interesse crescente de empresas estrangeiras, especialmente dos EUA, em explorar tais ativos.
Gás renovável no Nordeste: Em Sergipe, a Sergas e o Grupo Orizon firmaram protocolo para injeção de biometano, oriundo de aterro sanitário, na rede estadual de gás canalizado.
Tempestades e apagões no Sul: Um ciclone extratropical deixou mais de 346 mil consumidores sem energia no Rio Grande do Sul. A CEEE Equatorial atua em regime de alerta máximo para restabelecer o fornecimento nas regiões atingidas.
Análise EnergyChannel
O discurso do ministro Alexandre Silveira evidencia um novo reposicionamento estratégico do governo, reafirmando a relevância das térmicas como instrumento de estabilidade do sistema elétrico mesmo em um cenário de crescente protagonismo das renováveis.
A reestruturação do LRCAP pode, na prática, estabelecer um novo equilíbrio entre fontes intermitentes e firmes, ao mesmo tempo em que movimenta a cadeia de gás natural e combustíveis de transição.
Governo federal aposta em térmicas e mira novo leilão de energia firme
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