Radar MME: Governo Federal prioriza gás, biocombustíveis e obras políticas enquanto inovação energética segue em segundo plano
- EnergyChannel Brasil

- 8 de ago.
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Levantamento inédito revela que, no primeiro semestre de 2025, o Ministério de Minas e Energia concentrou esforços em combustíveis fósseis e infraestrutura com apelo eleitoral, deixando tecnologias emergentes e transição energética em segundo plano.

O primeiro semestre de 2025 expôs, com números concretos, um desequilíbrio estratégico na condução da agenda energética brasileira. Dados do novo Radar MME levantamento exclusivo que monitora os compromissos oficiais do Ministério de Minas e Energia mostram que o ministro Alexandre Silveira manteve seu foco nos setores tradicionais, com ênfase em gás natural, petróleo e biocombustíveis.
Iniciativas ligadas à inovação, descarbonização ou transição energética representaram apenas uma fração mínima das ações ministeriais.
De janeiro a junho, 28% de todos os compromissos oficiais do ministro estiveram relacionados ao setor elétrico. No entanto, dentro dessa fatia, quase metade concentrou-se em combustíveis fósseis ou em soluções de baixa inovação, como o uso ampliado de etanol e biodiesel.
Gás e biocombustíveis no centro da estratégia
Dois programas vêm liderando as prioridades da pasta em 2025: o E30, que pretende elevar a mistura de etanol na gasolina para 30%, e o aguardado Gás para Todos, previsto para ser lançado em 5 de agosto. Ambos foram amplamente discutidos em eventos e reuniões bilaterais com agentes públicos e privados, sinalizando o forte apelo político e econômico da agenda.
A presença do ministro em inaugurações e anúncios de obras com forte caráter simbólico e visibilidade regional também foi destaque. Apesar de importantes para a infraestrutura energética, essas ações parecem mirar resultados de curto prazo, com claro viés eleitoral.
Transição energética? Só no discurso
Enquanto o mundo acelera investimentos em energia limpa, hidrogênio verde, baterias e digitalização da rede, o Brasil parece caminhar na contramão da inovação. O Radar MME revela que apenas uma pequena parcela dos compromissos do Ministério envolveu temas como fontes renováveis avançadas, armazenamento de energia ou eficiência energética.
Esse descompasso chama atenção em um momento estratégico para o país.
O Brasil possui vantagens competitivas globais uma matriz energética limpa, grande potencial em fontes renováveis e recursos minerais como o lítio. No entanto, falta coordenação institucional e visão de longo prazo para transformar esses ativos em oportunidades industriais.
Minas tem ministro, mas energia ainda não tem rumo
A frase que ecoa nos bastidores de Brasília — "Minas tem ministro, mas a energia não" ganha novo significado à luz dos dados revelados. O Ministério segue cumprindo sua função institucional, mas parece não liderar um projeto claro para o futuro energético do Brasil. A predominância de ações voltadas ao setor fóssil e a baixa interlocução com áreas ligadas à inovação e sustentabilidade indicam uma agenda desconectada dos desafios globais.
Com a COP30 se aproximando e a competitividade energética cada vez mais ligada à inovação e à descarbonização, a ausência de protagonismo do MME nesse campo pode custar caro ao Brasil tanto em reputação internacional quanto em oportunidades perdidas.
Radar MME: Governo Federal prioriza gás, biocombustíveis e obras políticas enquanto inovação energética segue em segundo plano





























Muito bom.